A corrida é uma das atividades físicas mais acessíveis e populares do mundo, proporcionando inúmeros benefícios para a saúde física e mental.
No entanto, apesar de seus benefícios, a prática também está associada a um risco significativo de lesões. Compreender as principais lesões que afetam corredores é essencial para preveni-las e tratá-las adequadamente.
Use o menu abaixo para encontrar especificamente a sua lesão de interesse.
Conteúdo do texto
- 1 Como São as Lesões na Corrida?
- 2 As 5 Principais Lesões em Corredores
- 3 Outras Lesões Comuns em Corredores
- 4 Fatores de Risco para Lesões na Corrida
- 5 Prevenção de Lesões na Corrida: Abordagem Baseada em Evidências
- 6 Diagnóstico e Tratamento: Quando Procurar Ajuda Profissional
- 7 Melhore Sua Corrida com Prevenção Inteligente
- 8 Referências
Como São as Lesões na Corrida?
Pesquisas recentes fornecem dados importantes sobre a prevalência e os padrões das lesões relacionadas à corrida:
Incidência e Prevalência das Lesões na Corrida
Lesões são comuns entre corredores, mesmo em quem corre só por lazer. Estudos recentes indicam que de 37% a 56% dos praticantes se machucam pelo menos uma vez por ano¹ e 7,7 lesões ocorrem a cada 1.000 horas de treino².
Quase metade corredores recreativos relataram uma lesão significativa em um período de 12 meses³.
O joelho continua sendo o local mais comum de lesões em corredores, seguido pela região da tíbia e do pé⁴.

Mecanismos de Lesão
As lesões na corrida podem ser classificadas em dois tipos principais, Lesões por Sobrecarga (Overuse) e Lesões Agudas.
As lesões por overuse representam 70-80% de todas as lesões em corredores e resultam de microtraumas repetitivos que excedem a capacidade de adaptação e reparo dos tecidos⁵. Estas lesões geralmente se desenvolvem gradualmente ao longo do tempo.
Já as lesões agudas apresentam um início súbito e não gradual⁶, muitas vezes devido a um evento traumático específico.
As 5 Principais Lesões em Corredores

1. Síndrome da Dor Patelofemoral (SDPF)
A SDPF, ou “joelho do corredor”, é uma das lesões na corrida mais comuns, causando dor na parte da frente do joelho. Ela afeta entre 16% e 25% dos corredores, sendo duas vezes mais frequente em mulheres⁷. É uma lesão comum em corridas mais longas, por exemplo a meia maratona⁸.
A causa principal é um desequilíbrio na mecânica do movimento, que faz com que a patela (ou rótula) se mova de forma irregular, aumentando a pressão na articulação e irritando os tecidos ao redor⁹.
Sinais e Sintomas da Síndrome da Dor Patelofemoral
– Dor difusa ao redor ou atrás da patela
– Dor que piora ao subir/descer escadas, agachar ou sentar por períodos prolongados
– Sensação de crepitação ou “estalo” no joelho
– Dor que aumenta após corridas longas ou treinos em terrenos acidentados
Fatores de Risco
Pesquisas recentes identificaram fatores de risco específicos para SDPF em corredores¹⁰:
Biomecânicos: Ângulo Q aumentado, pronação excessiva do pé, rotação interna do fêmur
Musculares: Fraqueza de quadríceps e glúteos, desequilíbrio entre vasto medial e lateral
Treinamento: Aumento súbito de volume ou intensidade, treinos em declive
Anatômicos: Patela alta, hipermobilidade patelar, anteversão femoral
Prevenção e Tratamento do “Joelho do Corredor”
Prevenção:
– Fortalecimento dos músculos do quadril e core
– Treinamento neuromuscular para controle do valgo dinâmico
– Progressão gradual de volume e intensidade
– Técnica de corrida adequada
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Fortalecimento específico de quadríceps (especialmente vasto medial oblíquo) e glúteos
– Terapia manual para mobilidade patelar
– Órteses para controle de pronação quando indicado
– Taping patelar em casos selecionados
2. Síndrome do Estresse Tibial Medial (SETM) – Canelite
A SETM, comumente conhecida como “canelite”, é caracterizada por dor ao longo da borda posteromedial da tíbia.
A canelite representa 13-20% das lesões em corredores¹¹. Um estudo prospectivo de 2024 com 320 corredores iniciantes mostrou uma incidência de 17,8% de SETM durante os primeiros seis meses de treinamento¹².
Pesquisas recentes sugerem que a síndrome do estresse tibial medial representa um continuum de lesões ósseas por estresse, variando desde periostite (inflamação do periósteo) até microfraturas corticais¹³ e envolve tanto estresse ósseo quanto reação periosteal.
Mecanismos contribuintes incluem:
– Estresse de tração dos músculos sóleo e flexor longo dos dedos na inserção tibial
– Carga de impacto repetitiva durante a corrida
– Remodelação óssea inadequada devido a carga excessiva
Sinais e Sintomas da Canelite
– Dor difusa ao longo da borda posteromedial da tíbia (geralmente no terço médio ou distal)
– Dor que inicialmente ocorre após a corrida, progredindo para dor durante a atividade
– Sensibilidade à palpação ao longo de uma área extensa da tíbia
– Edema mínimo ou ausente
– Dor que diminui com repouso e retorna com a atividade
Fatores de Risco da Canelite
Estudos recentes identificaram fatores de risco específicos para SETM¹⁴:
Biomecânicos: Pronação excessiva do pé, rotação interna da tíbia, eversão do calcâneo
Anatômicos: Arco plantar baixo, discrepância no comprimento das pernas
Treinamento: Aumento rápido de volume, corrida em superfícies duras, calçados inadequados
Outros: Histórico prévio de SETM, baixa densidade mineral óssea, sexo feminino
Prevenção e Tratamento da Síndrome do Estresse Tibial Medial
Prevenção:
– Progressão gradual de volume (não mais que 10% por semana)
– Fortalecimento de panturrilha e músculos intrínsecos do pé
– Treinamento em superfícies variadas e menos impactantes
– Calçados adequados para o tipo de pé
– Atenção à técnica de corrida para reduzir impacto
Tratamento:
– Modificação ou interrupção temporária da corrida
– Atividades de baixo impacto para manter condicionamento (natação, ciclismo)
– Fortalecimento de panturrilha e estabilizadores do pé
– Terapia manual para restaurar mobilidade de tornozelo e pé
– Órteses para controle de pronação quando indicado
– Retorno gradual à corrida quando assintomático
3. Fascite Plantar
A fascite plantar é caracterizada por dor na região inferior do calcanhar e arco plantar, resultante de inflamação ou degeneração da fáscia plantar.
Representa 8-10% das lesões em corredores¹⁵. Um estudo de 2023 com 850 corredores de ultramaratona mostrou uma prevalência de 11,3% de fascite plantar durante um período de 12 meses¹⁶.
Você pode ouvir também o termo “fasciose plantar”, pois há degeneração do colágeno e necrose fibróide com inflamação¹⁷. A condição resulta de microtraumas repetitivos na fáscia plantar no calcâneo.
Mecanismos contribuintes incluem:
– Tensão excessiva na fáscia plantar durante a fase de propulsão da corrida
– Absorção inadequada de impacto
– Limitação da dorsiflexão do tornozelo
Sinais e Sintomas da Fascite Plantar
– Dor na região inferior do calcanhar, frequentemente com irradiação para o arco plantar
– Dor mais intensa nos primeiros passos da manhã ou após períodos de inatividade
– Dor que geralmente diminui com atividade leve, mas piora com atividade prolongada
– Sensibilidade à palpação na origem da fáscia plantar no calcâneo
– Dor à dorsiflexão passiva dos dedos (teste de Windlass)
Fatores de Risco da Fascite Plantar
Estudos recentes identificaram fatores de risco específicos para fascite plantar em corredores¹⁸:
Biomecânicos: Pronação excessiva, arco plantar alto ou baixo, limitação de dorsiflexão do tornozelo
Anatômicos: Encurtamento do tendão de Aquiles, discrepância no comprimento das pernas
Treinamento: Aumento súbito de volume, corrida em superfícies duras, calçados inadequados
Outros: Idade avançada, obesidade, longos períodos em pé
Prevenção e Tratamento da Fascite Plantar
Prevenção:
– Alongamento regular da fáscia plantar e tendão de Aquiles
– Fortalecimento dos músculos intrínsecos do pé
– Calçados com suporte adequado do arco
– Progressão gradual de volume e intensidade
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Terapia manual para mobilidade de tornozelo e pé
– Alongamento específico da fáscia plantar e tendão de Aquiles
– Órteses para suporte do arco plantar
– Talas noturnas em casos selecionados
– Terapia de ondas de choque para casos recalcitrantes
4. Síndrome da Banda Iliotibial (SBIT)
A SBIT é caracterizada por dor na face lateral do joelho resultante de inflamação e irritação da banda iliotibial quando esta desliza sobre o epicôndilo lateral do fêmur. Ela representa 7-14% das lesões em corredores¹⁹,²⁰.
A SBIT não é simplesmente um problema de fricção, mas envolve compressão da banda iliotibial contra o epicôndilo lateral do fêmur durante a fase de apoio da corrida, especialmente a aproximadamente 30° de flexão do joelho²¹.
Esta compressão leva à irritação da camada adiposa altamente inervada entre a banda e o epicôndilo, resultando em inflamação e dor.
Sinais e Sintomas da Síndrome da Banda Iliotibial
– Dor na face lateral do joelho, tipicamente 2-3 cm acima da linha articular
– Dor que geralmente começa após uma distância previsível de corrida
– Dor que piora em declives e ao correr em superfícies inclinadas
– Teste de Noble positivo (dor à compressão da banda iliotibial sobre o epicôndilo lateral com o joelho flexionado a 30°)
– Possível crepitação palpável durante flexão e extensão do joelho
Fatores de Risco da Síndrome da Banda Iliotibial
Estudos recentes identificaram fatores de risco específicos para SBIT²²:
Biomecânicos: Adução excessiva do quadril, rotação interna do fêmur, pronação do pé
Musculares: Fraqueza de abdutores do quadril, especialmente glúteo médio
Treinamento: Corrida em declives, superfícies inclinadas, aumento rápido de quilometragem
Anatômicos: Genu varum (joelhos arqueados), discrepância no comprimento das pernas
Prevenção e Tratamento da Síndrome da Banda Iliotibial
Prevenção:
– Fortalecimento de abdutores do quadril e core
– Treinamento neuromuscular para controle de adução do quadril durante corrida
– Evitar corridas excessivas em declives e superfícies inclinadas
– Progressão gradual de volume
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Fortalecimento específico de glúteo médio e rotadores externos do quadril
– Terapia manual para mobilidade da banda iliotibial
– Técnicas de liberação miofascial
– Correção de fatores biomecânicos contribuintes
– Retorno gradual à corrida em superfícies planas
5. Tendinopatia do Aquiles
A tendinopatia do Aquiles é caracterizada por dor, edema e disfunção do tendão de Aquiles, geralmente resultante de sobrecarga repetitiva. Representa 6-11% das lesões em corredores²³,²⁴.
Pesquisas recentes demonstram que a tendinopatia do Aquiles é primariamente um processo degenerativo (tendinose) e não inflamatório (tendinite)²⁵. Há uma desorganização das fibras de colágeno, aumento da substância fundamental, neovascularização e ausência de células inflamatórias.
A condição pode afetar duas regiões distintas, a porção média do tendão (2-6 cm acima da inserção no calcâneo) ou a inserção no calcâneo (tendinopatia insercional).
Sinais e Sintomas da Tendinopatia do Aquiles
– Dor e rigidez matinal no tendão de Aquiles
– Dor que inicialmente diminui durante o aquecimento, mas retorna após atividade prolongada
– Espessamento nodular palpável no tendão (em casos de porção média)
– Sensibilidade à palpação do tendão
– Crepitação durante movimento do tornozelo em alguns casos
– Fraqueza na flexão plantar em casos avançados
Fatores de Risco da Tendinopatia do Aquiles
Estudos recentes identificaram fatores de risco específicos para tendinopatia do Aquiles²⁶:
Biomecânicos: Hiperpronação do pé, limitação de dorsiflexão do tornozelo
Musculares: Fraqueza ou desequilíbrio da musculatura da panturrilha
Treinamento: Aumento súbito de volume ou intensidade, treinamento em colinas
Outros: Idade avançada, uso de certos antibióticos (fluoroquinolonas), histórico prévio de tendinopatia
Prevenção e Tratamento da Tendinopatia do Aquiles
Prevenção:
– Fortalecimento excêntrico regular da panturrilha
– Progressão gradual de volume e intensidade
– Calçados com suporte adequado e drop apropriado
– Atenção à técnica de corrida
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Programa de exercícios excêntricos de panturrilha (protocolo de Alfredson)
– Terapia manual para mobilidade de tornozelo e pé
– Calçados com elevação do calcanhar durante a fase aguda
– Ondas de choque para casos recalcitrantes
– Retorno gradual à corrida com progressão cuidadosa

Outras Lesões Comuns em Corredores
Fratura por Estresse
Representa 5-10% das lesões em corredores, com maior incidência em mulheres²⁷. Resulta de microtraumas repetitivos que excedem a capacidade de remodelação óssea, levando a microfraturas que podem progredir para fraturas completas se não tratadas.
Os locais mais comuns em corredores são Metatarsos (especialmente o segundo e terceiro), Tíbia (terço médio e distal), Fíbula, Colo femoral (menos comum, mas mais grave).
Sinais, Sintomas e Tratamento da Fratura por Estresse
– Dor localizada que piora progressivamente durante a corrida
– Dor à palpação direta sobre o local da fratura
– Possível edema localizado
– Dor noturna em casos avançados
Tratamento:
– Interrupção da corrida (4-12 semanas dependendo da localização e gravidade)
– Atividades sem impacto para manter condicionamento
– Possível imobilização em casos selecionados
– Avaliação e correção de fatores nutricionais e hormonais
– Retorno muito gradual à corrida
Condromalácia Patelar
Representa 5-8% das lesões em corredores²⁸. Envolve degeneração da cartilagem articular da patela, frequentemente secundária a alterações biomecânicas que causam rastreamento patelar anormal.

Sinais, Sintomas e Tratamento da Condromalácia Patelar
– Dor retropatelar que piora ao descer escadas ou após sentar por períodos prolongados
– Crepitação patelar durante flexão e extensão do joelho
– Possível derrame articular em casos avançados
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Fortalecimento de quadríceps (especialmente vasto medial oblíquo)
– Correção de fatores biomecânicos contribuintes
– Taping patelar em casos selecionados
Tendinopatia Patelar
Representa 4-7% das lesões em corredores²⁹. Também conhecida como “joelho do saltador”, envolve degeneração do tendão patelar, geralmente na inserção proximal na patela.
Sinais, Sintomas e Tratamento da Tendinopatia Patelar
– Dor bem localizada na porção inferior da patela
– Dor que piora com atividades que envolvem carga no tendão patelar
– Sensibilidade à palpação no polo inferior da patela
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Programa de exercícios excêntricos específicos
– Terapia manual para mobilidade patelar e quadríceps
– Ondas de choque para casos recalcitrantes
Bursite Trocantérica
Representa 3-5% das lesões em corredores³⁰. Envolve inflamação da bursa trocantérica, frequentemente associada à síndrome do tensor da fáscia lata e fraqueza de glúteo médio.
Sinais, Sintomas e Tratamento da Bursite Trocantérica
– Dor lateral do quadril, frequentemente irradiando para a face lateral da coxa
– Dor que piora ao deitar sobre o lado afetado
– Sensibilidade à palpação sobre o trocanter maior
Tratamento:
– Modificação temporária das atividades
– Fortalecimento específico de glúteo médio
– Técnicas de liberação miofascial para tensor da fáscia lata
– Correção de fatores biomecânicos contribuintes

Fatores de Risco para Lesões na Corrida
Pesquisas recentes têm identificado diversos fatores de risco para lesões na corrida. Lesão é multifatorial, desta forma, quanto mais fatores de risco ocorreram, maior a chance de você se machucar ao correr:
Fatores Intrínsecos de Lesões na Corrida (Relacionados ao Corredor)
O histórico de lesões é o fator de risco mais relevante para novas ocorrências — corredores lesionados anteriormente têm 2,7 vezes mais chance de se machucar novamente³¹.
Outros fatores incluem características anatômicas e biomecânicas, como desalinhamentos, tipo de pisada e diferenças no comprimento das pernas.
Aspectos fisiológicos como IMC elevado, baixa densidade óssea, alterações na flexibilidade e fraqueza muscular também aumentam o risco. Fatores demográficos, como idade acima de 40 anos, sexo e pouca experiência com corrida, influenciam ainda mais na vulnerabilidade a lesões.
Fatores Extrínsecos de Lesões na Corrida (Relacionados ao Treinamento e Ambiente)
Erros de treinamento são a principal causa de lesões na corrida, respondendo por 60–80% dos casos32. Aumentar o volume muito rápido, treinar com intensidade excessiva, não respeitar o tempo de recuperação e manter treinos repetitivos são os erros mais comuns.
Fatores como superfícies duras, terrenos inclinados e clima extremo também aumentam o risco, assim como o uso de calçados inadequados ou desgastados e órteses mal indicadas.
Prevenção de Lesões na Corrida: Abordagem Baseada em Evidências
Progressão Gradual do Treinamento
A regra de ouro de aumento máximo de 10% no volume semanal é apoiada por evidências científicas. Um estudo de 2023 demonstrou que corredores que seguiram esta regra tiveram 62% menos lesões na corrida do que aqueles que aumentaram o volume mais rapidamente³³.
Fortalecimento Específico para Corrida
Programas de fortalecimento focados em áreas-chave demonstraram reduzir significativamente o risco de lesões na corrida:
– Fortalecimento de quadril: Redução de 41% nas lesões de joelho³⁴
– Treinamento de core: Redução de 29% em lesões gerais³⁵
– Exercícios pliométricos: Redução de 33% em lesões por sobrecarga³⁶
Técnica de Corrida
Modificações na técnica de corrida podem reduzir o risco de lesões na corrida específicas:
– Aumento da cadência: Redução de 14% na carga articular do joelho³⁷
– Redução do overstriding: Diminuição de 19% nas forças de impacto³⁸
– Postura mais ereta: Melhora na economia de corrida e redução de lesões lombares³⁹
Periodização do Treinamento
A implementação de ciclos de treinamento com variação planejada de volume e intensidade reduz significativamente o risco de lesões:
– Semanas de recuperação: Redução de 3-4 semanas seguida de 1 semana de volume reduzido
– Variação de superfícies: Alternância entre asfalto, trilha e grama
– Polarização do treinamento: 80% em intensidade baixa, 20% em intensidade alta
Monitoramento da Carga de Treinamento
O monitoramento sistemático da carga de treinamento permite identificar períodos de risco aumentado e evitar as lesões na corrida:
- Razão carga aguda:crônica: Manter entre 0,8-1,3 para minimizar risco de lesões⁴⁰
- Percepção de esforço: Monitoramento da carga interna através de escalas subjetivas
- Variabilidade da frequência cardíaca: Indicador de recuperação e adaptação
Diagnóstico e Tratamento: Quando Procurar Ajuda Profissional
Alguns sinais indicam que é hora de buscar avaliação médica, como dor ao correr, dor que não melhora com repouso, inchaço importante, dificuldade para apoiar o pé, deformidades visíveis, dor noturna ou sintomas como formigamento e fraqueza.
O diagnóstico de lesões na corrida costuma envolver uma combinação de história clínica, exame físico, análise da biomecânica da corrida e, quando necessário, exames de imagem como raio-X ou ressonância magnética.
Princípios Gerais de Tratamento
O tratamento de lesões na corrida segue princípios bem estabelecidos. Em geral, começa com a modificação temporária das atividades, seguido por controle da dor com medidas conservadoras.
A reabilitação das lesões na corrida envolve fortalecimento, flexibilidade e treino neuromuscular. Também é importante corrigir fatores que contribuíram para a lesão, como biomecânica inadequada, uso de calçados impróprios ou erros no treino.
O retorno à corrida deve ser gradual, guiado por critérios funcionais e sinais do corpo.
Retorno à Corrida Após Lesão
O retorno seguro após lesões na corrida deve seguir critérios objetivos:
– Ausência de dor durante atividades diárias
– Recuperação da força (>90% comparado ao lado não afetado)
– Recuperação da amplitude de movimento
– Capacidade de realizar exercícios funcionais sem dor
– Progressão gradual começando com corrida/caminhada intervalada
Melhore Sua Corrida com Prevenção Inteligente
Lesões na corrida são comuns e fazem parte da jornada de muitos corredores, mas podem ser evitadas com conhecimento, treino inteligente e atenção ao corpo.
A prevenção das lesões na corrida depende de individualização, consistência e resposta adequada ao treinamento.
Se surgirem lesões, o ideal é tratá-las cedo e seguir uma reabilitação completa. Acima de tudo, correr deve ser uma prática sustentável e prazerosa ao longo da vida.
Referências
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